Quando pensávamos que colocar dinheiro na cueca havia saído de moda, o governador José Roberto Arruda, relança a tendência nas passarelas da capital nacional
Brasília, 2005 – Descoberto o “Mensalão”: parlamentares recebiam propina em troca de votos. Em meio às investigações, imagens de políticos escondendo dólares em malas e cuecas permeavam nas telas de TVs nas casas dos cidadãos brasileiros. O dinheiro era escondido em maletas e cuecas dos próprios parlamentares.
Brasília, 2009 – O Governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), é filmado pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, com uma câmera escondida. Nos vídeos, aparece o próprio governador recebendo o dinheiro e outros deputados envolvidos, um deles enfia as notas na cueca. Ver vídeo
Quando pensávamos que dinheiro na cueca, ou outros orifícios, haviam saído de moda, o governador do DF nos esbofeteia com um maço de notas 100. E como se não bastasse, nos chama de otários ao justificar que o dinheiro era para a compra de panetones de natal. Panetone caro, hein...
Ok, ok, vamos considerar que até poderia ser panetone. Então, eu tenho duas perguntas:
1) Por que o dinheiro para a compra das cestas de natal teria sido entrega em espécie? Nunca ouvi falar de órgão público que faz transações em dinheiro vivo...
2) E se estava tudo dentro dos conformes, por que esconder nos bolsos do terno, nas meias e na cueca?
Nada que os políticos possam falar irá ser forte o bastante para contradizer às imagens que assistimos. A não ser , é claro, que seja algo como: “a pessoa que aparece no filme é meu irmão gêmeo mau”, aí sim! Afinal, depois do panetone, eu não duvido de mais nada.
E antes que pensem que Barbosa é o herói da nação por denunciar o esquema, informo-lhes senhores, que não foi por honra, dignidade, princípios ou altruísmo. O ex-secretário também estava envolvido na maracutáia e para diminuir sua pena, ele implantou a câmera no gabinete e filmou todos os pagamentos feitos.
E mais: Arruda sabia da existência da câmera e disse que se um dia Durval resolvesse levar as imagens à mídia, que este deveria avisá-lo com no MÍNIMO (!!!) 5 dias de antecedência para que pudesse a) dar um tiro na cabeça, b) sumir ou c) matar Barbosa. Só faltou pedir para assinar em 3 guias, com 3 fotos 3x4 recentes, cópia de comprovante de residência, comprovante de renda, identidade, CPF ou Certificado de Dispensa Militar.
É difícil crer que a história se repete 4 anos depois e praticamente no mesmo período. O brasileiro sofre de amnésia recente. Parece não conseguir registrar eventos novos por muito tempo. Se não for amnésia, é demência com certeza. Prova disso foi o Collor, que é o Collor, ter sido reeleito.
Há alguns anos atrás, se não me engano oito, este mesmo governante, na época senador, havia sido indiciado por outro caso de desvio de verba pública: Operação Caixa de Pandora. Em seu discurso de defesa, Arruda mostrou-se ofendido e proferiu palavras emocionantes, clamando o nome de seus filhos e esposa como prova de sua inocência. Quatro dias após, porém, o senador volta atrás e assume sua culpa. Hoje ele está no comando do Distrito Federal.
Ano que vem é ano eleitoral, as campanhas (oficiais) começarão e logo ninguém mais vai lembrar deste ou de outros escândalos que surgiram ao longo desses anos.
É indignante ver casos como esses tornam a acontecer. Faz um burburinho aqui, outro ali, e no final, nada acontece. Aliás, no final, tudo acaba em pizza e os parlamentares ainda dançam em comemoração à impunidade. Ver vídeo
Por fim, deixo-os com as palavras de Arnaldo Jabor. Ver vídeo
Clarisse Simão