quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ensaio Sobre a Maldita Tela Branca


O pior inimigo que um escritor pode ter é a falta de inspiração. Não há nada pior do que se deparar com a maldita tela em branco e não ter o que escrever. São longas horas de uma batalha inesgotável entre a criatura e o criador, e no fim, a criatura vence.

Ah, a falta de inspiração que nos inibe, sufoca, oprime e mata. Você quer escrever, quer lutar contra essa força poderosa, mas não consegue. Não há sinal da presença de uma grande idéia. Não há nem ao menos uma idéia! É tudo um grande conjunto de nada, de vazio. Branco.

Pior ainda quando esta resolve dar o ar de sua graça no meio do texto. Bloqueio Criativo, é como chamo. Você sabe o que quer escrever, sabe por onde começar, mas no meio, bem no meio, quando você menos esperava, a maldita aparece. “E agora, José?”

Livrai-me de mim fantasma da falta de assunto, valei-me Deus da criatividade...

Amor, sexo, traição, política, economia, futebol, cultura, moda. Qualquer coisa que o valha. Qualquer coisa que se sinta. Mas não vem. Ou vem, em forma de pensamento, algo que você não sabe como transpor para texto, apenas pensar.



quinta-feira, 29 de abril de 2010

O Assassinato de Alice

Sobre como Tim Burton esquartejou a clássica história da garotinha sonhadora que queria ir para casa





AVISO: CONTÉM SPOILERS!!!


Assisti ontem ao mais novo sucesso de bilheteria do momento: Alice no País das Maravilhas. E devo dizer que não foi o que imaginava. Particularmente adoro Tim Burton, mas achei que este longa deixou, e muito, a desejar.

Eu li os livros (Alice no País das Maravilhas e Alice através dos Espelhos) e assisti ao primeiro filme que fizeram, sem contar o desenho da Disney, claro. Sim, eu adoro Alice! *-*

Enfim, esperei mto para ver este filme e sai do cinema desapontada. Esperava mto mais de Burton, d verdade. Achei que ele apagou mtos personagens, como a Lagarta, por exemplo, que foi minha maior decepção, e deu ênfase a uma história nada a ver com a história de Carroll. Ao invés da psicodelia do País das Maravilhas, ele preferiu a aventura estilo Nárnia. WTF?

Uma coisa que eu (repito, EU) senti falta foi dos musicais. Como assim ele excluiu os musicais? Cade “Feliz Desaniversário”? Alice é um tipo de filme que pede um musical. Até porque, eram os musicais que davam teor a insanidade daquele lugar.

E a cena do chá? So boring! Não foi exposto um encontro de loucos tomando chá, foi no máximo um chá atrapalhado. E o Cheshire Cat? Quando ele deixou de ser louco para ver arrogante e “espertinho”? A Alice do filme tbm não é nada parecida com a Alice do desenho ou do livro. Aliás, nada foi parecido com o desenho ou com o livro. Foi na verdade uma “continuação” deles, onde a personagem já crescida retornou ao País das Maravilhas. Não foi isso que esperávamos (ou eu esperava) ver.

E outra coisa: Alice Executiva??? WTF? [2] Sério, que palhaçada foi aquela? Alice é uma personagem sonhadora e que vive no mundo da lua, como diabos ela foi se transformar em executiva??? Não, não foi legal.

A minha sensação é que Tim Burton acabou com a essência da história e inventou mta moda na hora de fazer esse filme. Achei a fotografia do filme, o figurino e a seleção de atores excelentes, mas o roteiro foi bem fraco.


Clarisse Simão

sexta-feira, 26 de março de 2010

A Informação na Era Digital

O texto de Wilson Dizard Jr., “Comunicação de Massa na Era da Informação”, foi escrito em 2000. Desde aquela época, a Internet chamava a atenção de todos e preocupava as grandes – e pequenas – empresas midiáticas acerca do seu destino. Dizard faz uma previsão do que vivenciamos hoje: o futuro incerto dos MCMs (Meios de Comunicação de Massas) tradicionais e a Internet como meio de informação.

Ao longo dos anos, o avanço da tecnologia sempre causou polêmica entre os jornalistas e comunicólogos em geral. O advento da televisão, entretanto, desencadeou uma série de mudanças no ramo da informação, como as imagens, que antes eram quase que decorativas. Hoje é vista – ainda que alguns se recusem – como parte da notícia, sendo difícil desligar uma coisa da outra. Os infográficos ganham mais espaço e importância dentro dos jornais e revistas de todo o mundo. O acidente do air bus 447 da Air France em Maio do ano passado, por exemplo, é o “boom” da infografia. Sem imagens diretas do vôo, os meios de comunicação, usam e abusam dos infográficos para transmitir as informações de forma simples e clara.

Essa nova cultura visual e imediatista atingiu o patamar mais elevado da comunicação: a internet. Com vídeos, textos e áudios em um mesmo recurso, o termo “multimídia” caracteriza o acesso da rede como informação e ganha mais usuários a cada ano. Tendo em vista este cenário, as grandes redações temem pelo futuro. O New York Times já deu o prazo de validade do jornal impresso: em 2040 não será mais publicada a edição impressa do mais influente jornal que passará a transmitir notícias apenas via internet para aqueles que assinarem o site. Recentemente, o francês Le Monde também reviu seus conceitos e lançará conteúdo exclusivo para plataformas on-line e dispositivos de leitura como o iPad.

Ainda com este pano de fundo, as escolas de comunicação se vêm obrigadas a oferecer matérias diferentes das tradicionais e enfatizar o ensino da informação nas novas mídias, que há muito estava adormecido. As novas diretrizes curriculares do curso de jornalismo expõem a necessidade de especialização das mídias digitais, antes ignoradas pelos MCMs clássicos. É preciso desprender da idéia antiga de que o jornal impresso é a fonte mais segura e eficaz de obter informação e, ao invés de fazer da rede uma inimiga, encará-la como aliada. O destino do impresso está definhando aos poucos e dando lugar para os blogs, redes de relacionamento e sites noticiosos. Se as empresas não se adequarem a esta nova realidade, será impossível sobreviver a estes progressos tecnológicos.

“A tendência na direção dessa consolidação já está provocando um forte impacto na indústria da mídia, de forma que precisa ser compreendida por qualquer um que planeje uma carreira nesse campo.”
Dizard, Wilson Jr. “Comunicação de Massa na era da Informação”. 2000. A Nova Mídia. Zahar. Rio de Janeiro

A internet está tão arraigada a nova rotina social que hoje é praticamente impossível fazer uma pesquisa sem o auxílio desta ferramenta. As enciclopédias estão aposentadas e a nova moda são os sites de compartilhamento de informações, como as Wikis. Em vista disso, ignorar a presença unânime da internet é um risco desnecessário. Boa parte das companhias de mídia tem explorado de forma lenta e insuficiente a rede como meio de comunicação e não cabe, no cenário atual, tampar os olhos para as novas tecnologias e fingir que não interferem na distribuição de informação contemporânea.



Clarisse Simão

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Haiti é aqui

Os terremotos que ocorreram no Haiti nos últimos dias impressionaram boa parte do mundo e mobilizou populações inteiras a ajudar o país devastado. Dinheiro, comida, remédios, soldados...tudo foi enviado à Porto Príncipe a fim de amenizar o caos da situação que se instalou por lá.

Uma atitude admirável, se não fosse por um detalhe que, ao que parece, foi esquecido pelos brasileiros e pela mídia nacional: O Brasil também sofre com catástrofes naturais. Hoje, não se ouve mais falar sobre o desastre em Angra dos Reis na virada do ano e muito menos como a cidade está devastada desde então. Aqui, também sofrem com doenças, desalojamento e perdas de entes queridos, sem contar a perda material.

Ok, ok, sejamos ponderados: não houve em Angra, mais de 200 mil mortes como no país caribenho. Se não me engano, o total de mortes na cidade carioca foi de 52. Mas, a meu ver – e veja bem, esta é uma opinião pessoal – o Brasil deveria priorizar as tragédias nacionais e, uma vez solucionadas (ou ao menos, caminhando para a estabilização), prestar socorro aos outros países.

Não sou contra a ajuda do Brasil ao Haiti, que fique bem claro. Como disse no início do texto, é uma ação admirável. Só não acho que por isso, o país deva se esquecer dos próprios problemas. Solidariedade e compaixão não são medidas em balança, logo, independentemente do número de mortos, toda ajuda é bem-vinda, seja ela muita ou pouca. O que não pode acontecer, é dar preferência a uma e esquecer-se do próprio povo.

Clarisse Simão

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A Volta do Dinheiro na Cueca

Quando pensávamos que colocar dinheiro na cueca havia saído de moda, o governador José Roberto Arruda, relança a tendência nas passarelas da capital nacional


Brasília, 2005 – Descoberto o “Mensalão”: parlamentares recebiam propina em troca de votos. Em meio às investigações, imagens de políticos escondendo dólares em malas e cuecas permeavam nas telas de TVs nas casas dos cidadãos brasileiros. O dinheiro era escondido em maletas e cuecas dos próprios parlamentares.


Brasília, 2009 – O Governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), é filmado pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, com uma câmera escondida. Nos vídeos, aparece o próprio governador recebendo o dinheiro e outros deputados envolvidos, um deles enfia as notas na cueca. Ver vídeo

Quando pensávamos que dinheiro na cueca, ou outros orifícios, haviam saído de moda, o governador do DF nos esbofeteia com um maço de notas 100. E como se não bastasse, nos chama de otários ao justificar que o dinheiro era para a compra de panetones de natal. Panetone caro, hein...

Ok, ok, vamos considerar que até poderia ser panetone. Então, eu tenho duas perguntas:

1) Por que o dinheiro para a compra das cestas de natal teria sido entrega em espécie? Nunca ouvi falar de órgão público que faz transações em dinheiro vivo...
2) E se estava tudo dentro dos conformes, por que esconder nos bolsos do terno, nas meias e na cueca?

Nada que os políticos possam falar irá ser forte o bastante para contradizer às imagens que assistimos. A não ser , é claro, que seja algo como: “a pessoa que aparece no filme é meu irmão gêmeo mau”, aí sim! Afinal, depois do panetone, eu não duvido de mais nada.

E antes que pensem que Barbosa é o herói da nação por denunciar o esquema, informo-lhes senhores, que não foi por honra, dignidade, princípios ou altruísmo. O ex-secretário também estava envolvido na maracutáia e para diminuir sua pena, ele implantou a câmera no gabinete e filmou todos os pagamentos feitos.

E mais: Arruda sabia da existência da câmera e disse que se um dia Durval resolvesse levar as imagens à mídia, que este deveria avisá-lo com no MÍNIMO (!!!) 5 dias de antecedência para que pudesse a) dar um tiro na cabeça, b) sumir ou c) matar Barbosa. Só faltou pedir para assinar em 3 guias, com 3 fotos 3x4 recentes, cópia de comprovante de residência, comprovante de renda, identidade, CPF ou Certificado de Dispensa Militar.

É difícil crer que a história se repete 4 anos depois e praticamente no mesmo período. O brasileiro sofre de amnésia recente. Parece não conseguir registrar eventos novos por muito tempo. Se não for amnésia, é demência com certeza. Prova disso foi o Collor, que é o Collor, ter sido reeleito.

Há alguns anos atrás, se não me engano oito, este mesmo governante, na época senador, havia sido indiciado por outro caso de desvio de verba pública: Operação Caixa de Pandora. Em seu discurso de defesa, Arruda mostrou-se ofendido e proferiu palavras emocionantes, clamando o nome de seus filhos e esposa como prova de sua inocência. Quatro dias após, porém, o senador volta atrás e assume sua culpa. Hoje ele está no comando do Distrito Federal.

Ano que vem é ano eleitoral, as campanhas (oficiais) começarão e logo ninguém mais vai lembrar deste ou de outros escândalos que surgiram ao longo desses anos.

É indignante ver casos como esses tornam a acontecer. Faz um burburinho aqui, outro ali, e no final, nada acontece. Aliás, no final, tudo acaba em pizza e os parlamentares ainda dançam em comemoração à impunidade. Ver vídeo

Por fim, deixo-os com as palavras de Arnaldo Jabor. Ver vídeo



Clarisse Simão

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

E o Rio recebe a Tocha

2 de Outubro de 2009. Essa data ficará registrada na história política e esportiva do Brasil como o dia em que, pela primeira vez, foi concedido à América do Sul a chance de sediar uma Olimpíada.

Num clima descontraído e exalando confiança, o comitê brasileiro apresentou os argumentos a COI, tornou-se favorito e conquistou o direito de receber as olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Tal conquista não é mérito somente do esporte, mas também da política exterior do atual governo. Afinal, se não fosse o esforço dos envolvidos e a vontade de sediar um evento de grande porte como este, nada seria possível.

Não sou lulista, que fique claro, mas se há uma coisa na qual devemos reconhecer durante os últimos 8 anos em que ele governou o país, é o seu excelente desempenho na política exterior. Digam o que quiser, mas o Presidente levou o nome do Brasil a todos os países e hoje é conhecido quase no mundo todo, quiça no mundo todo, como uma possível potência econômica em ascensão.

A Copa do Mundo de 2014 e agora as Olimpíadas de 2016, são o ticket de entrada do Brasil nas principais potências econômicas mundiais. Parafraseando a correspondente Sônia Bridi no programa "Estúdio I", este é o baile de debutante do país onde ele será apresentado à alta sociedade. E tem que fazer bonito. São durante esses dois eventos que o mundo inteiro voltará os olhos para o Brasil e abrirá portas para tantas outras propostas internacionais.

O país terá que mostrar que é capaz de receber estrangeiros com a qualidade equivalente dos países de primeiro mundo, sem, é claro, abrir mão da hospitalidade e simpatia característica dos brasileiros.

Já tivemos bons exemplos de como o Brasil conquista fãs pelo mundo afora por sua receptividade calorosa. Os integrantes dos Rolling Stones já chegaram a declarar que os melhores shows da banda foram realizados aqui. O ex-vocalista do Iron Maiden, Paul Di'Anno, gostou tanto que mudou-se para cá. Clarice Lispector, nascida na Ucrânia, naturalizou-se brasileira e é considera uma escritora original do Brasil. O cantor Ritchie, autor de "Menina Veneno", transformou-se em ídolo dos anos 80 e se diz brasileiro de coração.

Estes são só alguns dos vários estrangeiros que se apaixonaram pelo país. E se tudo sair nos conformes, ganharemos mais simpatizantes e colocaremos o Brasil entre os países mais conhecidos e admirados do mundo.



Até a próxima!

Clarisse Simão.


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Aprovado o Estatuto da Igualdade Racial

Ontem, quarta feira (09/09), a Câmara dos Deputados aprovou o novo Estatuto da Igualdade Racial. Após seis anos de discussão, a retirada de pontos polêmicos no antigo texto possibilitou selar o acordo para a votação em caráter terminativo, ou seja, sem a necessidade da aprovação do plenário da Câmara.

Entre as partes removidas estão:

  • Identificação obrigatória dos estudantes de acordo com a raça, no censo escolar;
  • Preferência em licitações públicas a empresas que promovessem ações de igualdade racial;
  • Reserva de cotas para atores e figurantes negros nas emissoras de televisão;
  • Cotas para negros nas universidades.
  • Deputados que eram a favor do documento original, lamentaram as mudanças, mas reconheceram que a aprovação do Estatuto é um avanço ao combate à descriminação racial.


Além das partes acima citadas, o texto traz novidades à outras áreas: Na Educação, por exemplo, os alunos do Ensino Fundamental terão aulas sobre a história geral da África e do negro no Brasil. Já na Saúde, será exigido ao Sistema Único de Saúde (SUS) especializações em doenças características da raça negra, como a anemia falciforme.

Feitas as mudanças, o Estatuto pretende acabar com as brechas preconceituosas que ainda existiam no antigo regularmento.

Particularmente, devo dizer que fico feliz com as mudanças feitas, principalmente em relação as cotas raciais na universidades, e parabenizo todos que fizeram parte desta conquista. Existir preconceito racial no Brasil é um absurdo. Aliás, em qualquer país, diga-se de passagem.

Entretanto, mudar termos e palavras não quer dizer que acabou o problema. Infelizmente, ainda há uma parcela da população que acredita em mocinhos brancos e vilões negros. Para quem pensa assim, um aviso: conheço muito vilão branco e mocinho negro. Esse tira-isso-põe-aquilo é sim um grande avanço, mas é preciso que a sociedade acate, não as leis, mas o bom-senso.



Clarisse Simão